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O telemarketing da era digital

Disponibilizar alguns dados pessoais pode ser o pontapé para uma enxurrada de e-mails e publicidades

A ascensão das mídias sociais abriu um enorme espaço de divulgação de produtos e serviços, principalmente cursos, mentorias, coaching, master class e por aí vai. Por um lado, temos acesso a uma infinidade de opções, o que é muito bom. Por outro, o surgimento de estratégias de vendas, utilizadas de forma agressiva, como o funil de vendas.

Ao pesquisarmos determinado assunto, encontramos alguns conteúdos que, para acessá-los, devemos preencher um simples cadastro. Em outras palavras, a moeda de troca para receber determinada informação são os nossos dados pessoais, como e-mail, número de telefone etc. É neste momento que literalmente entramos pelo funil e nos transformamos em clientes em potencial daquele produtor.

Por isso, disponibilizar alguns dados pode ser o pontapé para uma enxurrada de e-mails e publicidades em nossas redes sociais, tentando nos convencer a comprar determinado produto ou serviço. Algo parecido com o telemarketing de “antigamente” (ainda existe, mas em menor proporção), em que os operadores ficavam telefonando, insistentemente, mesmo depois de você já ter manifestado desinteresse.

Nada contra esse tipo de estratégia, afinal, a produção de conteúdo é um serviço que dá muito trabalho e tem que ser recompensada de alguma forma. Elaborar um e-book, por exemplo, que será disponibilizado como uma ferramenta para atrair o cliente em potencial, exige investimento. E é claro que o organizador do material quer uma recompensa que vai muito além dos dados cadastrais: a venda dos seus serviços e produtos.

O problema está na insistência, que tem sido inconveniente demais. No LinkedIn, ao fazer um simples comentário em um post, já é suficiente para recebermos uma mensagem privada do criador do conteúdo, sempre muito cordial, oferecendo outros materiais e até mesmo solicitando a nossa opinião sobre um relatório ou e-book, por exemplo, com o argumento de que ela será de grande valia, em função de nossas experiências.

E tudo isso não passa de uma estratégia para nos colocar no funil. No final da mensagem, aparece um link e a surpresa: para acessá-lo, devemos preencher o cadastro. E o espanto maior é que mesmo não preenchendo, por já saber que se trata de uma captação de leads, alguns dias depois começamos a receber os e-mails com as ofertas. Ou seja, um simples comentário é o gatilho para que o criador do post acesse o nosso perfil e pegue nosso e-mail.

Enfim, esta abordagem invasiva está cada vez mais inconveniente, e uma estratégia tão interessante, que é o funil de vendas, está se transformando em algo chato, como eram os telemarketings. Por isso, muitas pessoas já estão deixando de acessar conteúdos e, principalmente, deixando de se transformarem em clientes.

Rodrigo Mancini
Rodrigo Mancini é economista, Mestre e Doutor em geografia econômica, empreendedor e empresário.

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