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“Posso Versus Devo”

“Posso Versus Devo”

Pensando sobre que escrevi no último post e vendo a atitude – recorrente – de algumas pessoas/empresas no mercado, resolvi compartilhar algo que, para mim, não é nem um pouco trivial: uma breve reflexão sobre “eu posso” e “eu devo” (minha ótica).

Compreendo que estamos diante de uma conjuntura que nos coloca em posições desafiadoras. Agora, não acredito que isso seja “a justificativa” para racionalizarmos operações que até podem ser feitas, pois estão dentro da lei/regra, mas que não trazem benefícios de forma igualitária (ou algo nessa direção, pelo menos…).

Precisamos levar em consideração que nem sempre a lei/regra alcança o seu potencial pleno no sentido de levar e trazer uma aplicação justa e coerente para todos os envolvidos em uma dada operação. Isto pode ser consequência de fatores como, por exemplo, (1) falta de interesse que esse objetivo seja alcançado e/ou (2) necessidade “normal” de amadurecimento dos envolvidos na formatação das normas.

Porém, o que mais chama a minha atenção ao colocar essa questão em evidência, diz respeito ao fato de algumas pessoas se “permitirem” retirar da equação dentro da perspectiva ética. Como se não houvesse espaço para uma decisão a ser tomada, uma escolha a ser feita. Como se o “posso” não permitisse espaço para a reflexão sobre o “devo”.

Parece que essas pessoas não enxergam (ou não querem enxergar) que se a lei/regra ainda tem espaço para amadurecer e esse processo é mais lento do que a sua capacidade de resposta a uma dada situação, é preciso, no meu entendimento, sim, fazer a ponderação que contemple tanto o “eu posso” quanto o “eu devo”.

Ir além da lei/regra não é o mesmo que quebrar ou burlar a lei/regra. Dentro dessa perspectiva, “ir além” é levar em consideração que se existir espaço para fazermos o bem ao nosso mercado precisamos, seriamente, considerar esse caminho – o que em algumas situações envolve colocar as leis/regras sob análise.

É necessário se perguntar, se questionar quais são as consequências em potencial se você escolher somente o “eu posso” em detrimento ao “eu devo” em suas decisões.

É evidente que ao trazer esse ponto para o primeiro plano, não posso deixar de considerar que existe a questão da autonomia para poder transitar entre o “posso” e o “devo” na prática dentro das organizações.

Contudo, estou falando de algo que antecede o colocar em prática essas duas abordagens. Estou falando que com ou sem autonomia para fazer uma mudança efetiva não quer dizer que você, nós, não possamos fazer o exercício cognitivo de levar em consideração essas duas perspectivas.

Desenvolver o “hábito-raiz” de ter uma organização que permite e cultiva o espaço para reflexões sobre questões como essas amplifica a possibilidade da construção de um negócio ancorado no entendimento que a lei/regra está ali como instrumento evolutivo e que espelha as pessoas que fazem parte da empresa.

Compreendo que seja um assunto difícil e sensível, mas trazer essa dimensão para o seu processo de tomada de decisão me parece ser algo interessante para todos os envolvidos. Claro, partindo da premissa que para você/sua empresa o “eu devo” parte do entendimento que existe uma intenção verdadeira de ajudar o cliente em sua caminhada como ser humano preservando a sua integridade física e mental enquanto a sua questão é resolvida pela solução da sua empresa.


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Gabriel Machado – Strategic advisor, escritor e fundador da DODAKHAM.

 

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