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Vida de Startup: como é trabalhar em um ambiente com cultura horizontal 

As startups já são uma realidade em quase todo o Brasil, mas, mesmo assim, muitas pessoas veem como uma novidade por aqui. Principalmente considerando os hábitos diferenciados que muitas possuem, seja na metodologia de trabalho ou na forma de crescimento. Dois anos atrás, quando eu comecei a trabalhar em uma, eu também me surpreendi com algumas coisas, dentre elas, a estrutura horizontal que é comum em startups.

Para quem não sabe, no mundo corporativo, chamamos de cultura horizontal a forma como algumas empresas estruturam suas organizações e hierarquias e eliminam algumas burocracias, o que permite que as pessoas e equipes trabalhem de forma mais autônoma e autogerenciavel.

É claro que existem outras explicações mais aprofundadas, mas, na prática, isso representou para mim mudanças significativas na forma como trabalho, pois, por ter passado anteriormente por empresas de grande porte, eu sempre fui acostumada a lidar com gestores dos mais variados níveis. A boa notícia é que todo esse “choque de cultura” me ajudou a aprender muitas coisas legais sobre esse tipo de estrutura e listarei algumas delas para vocês.

O trabalho em equipe pode ser uma excelente experiência

Como disse mais acima, esse tipo de estrutura modifica um pouco a forma como as equipes trabalham. O motivo é muito simples: com mais responsabilidades e independência, os membros do time tendem a dialogar mais, contando com as opiniões de outras pessoas do setor. Pode parecer contraditório, mas não vejo isso como falta de autonomia, mas como um incentivador da cooperação, algo imprescindível para quem trabalha em equipe. Aqui na empresa é comum algum colega sempre pedir uma segunda opinião quando se tem alguma atitude a ser tomada em mente.

Contudo, um resultado negativo de tudo isso é que a comunicação entre os setores pode falhar, caso não exista uma estrutura simplificada e transparente. Além disso, em determinadas situações, é bom que existam pessoas que intermedeiem e ajudem a deixar o relacionamento entre as equipes mais fluídos. Por isso, as lideranças são tão importantes nesse tipo de ambiente organizacional. Sim, ao contrário do que muita gente pensa, elas são imprescindíveis em qualquer empresa.

As hierarquias não deixam de existir, o que muda é a forma como elas se configuram

Um mito que muitas pessoas acreditam em relação à cultura horizontal é que não existe liderança ou necessidade de prestação de contas. Existe, sim! Muitas vezes, os gestores não possuem nomenclaturas como as empresas tradicionais, mas a figura de líder está ali, para ajudar a conduzir as equipes. O que costuma acontecer é que essas pessoas são mais flexíveis e acabam dando mais autonomia aos demais colaboradores da empresa. É aí que surge a oportunidade da tomada de decisões mais sérias ou da condução de projetos mais importantes.

Outro fato importante é que você sempre reportará seus resultados para alguém, mesmo que a sua área não tenha um gestor direto. Eu nunca tive um gestor de comunicação aqui onde trabalho, por exemplo, mas sempre prestei contas sobre os meus resultados ao meu chefe, o CEO da empresa. O legal dessa parte é que você acaba tendo mais contato com alguém que possui uma visão mais ampla do negócio.

As vantagens e desafios

Sim, como quase tudo na vida, eu encontrei pontos positivos e desafios ao trabalhar em um ambiente com esse tipo de estrutura e quero listá-los para vocês.

  • Eu realmente sinto que tenho mais liberdade para trabalhar e tomar algumas decisões, isso é ótimo para quem quer desenvolver sua capacidade de autogestão.

  • Eu aprendi a dar mais valor para o que os meus colegas de trabalhos, tão funcionários quanto eu, falam. Naturalmente, a gente tende a achar que as opiniões de gestores valem mais. Sim, eu concordo que elas possuem um peso maior na maioria das situações, mas isso não quer dizer que a opinião dos outros colegas de trabalho não seja importante. É, e muito!

  • Uma liderança mais flexível acabou me permitindo desenvolver algumas habilidades que eu nem sabia que eu tinha, o que me ajudou demais no meu processo de autoconhecimento.

  • Entretanto, essa maior autonomia me apresentou alguns desafios. O maior deles para mim foi entender que essa flexibilidade não exclui as autoridades existentes por aqui. Eu tenho um chefe, meu chefe também tem um chefe e, naturalmente, eu preciso respeitar o que parte deles e o fato de eu ter mais liberdade para tomar algumas decisões no trabalho não muda essa ordem.

  • Em determinadas situações, tudo pode parecer uma bagunça, principalmente se você tem muitas responsabilidades e a empresa não para de crescer. Em alguns casos eu errei, mas, no geral, consegui aprender a parar tudo no momento certo e, então, reorganizar as coisas relacionadas a mim.

É claro que esse texto se trata muito mais de uma reflexão pessoal, mas acredito que alguns pontos se assemelhem a outras experiências de quem trabalha em ambientes assim. É um grande desafio, mas os aprendizados podem ser proporcionais.

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Tatiane Silva é Publicitária, Community Manager e escritora de gaveta nas horas vagas. Há cinco anos vem se dedicando ao mundo das mídias sociais e adora escrever sobre marcas, marketing digital e tecnologia, sempre de um ponto de vista humanizado.

 

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