ColunistasRoberto Borges KerrSlider

OBA! AGORA SOBROU DINHEIRO

Em nossa última conversa falamos sobre Finanças Pessoais, como organizar suas contas, como descobrir quais os seus gastos obrigatórios e aqueles que são supérfluos, tudo com o objetivo de fazer sobrar um dinheiro no fim do mês que possa ser investido, a meta estipulada foi de 20% de todos as receitas a título de poupança mensal.

Agora está sobrando um dinheirinho todo mês. O que fazer com essa sobra? Vamos detalhar um pouco nossa meta. Devemos ter como objetivo manter uma parte dessa poupança como reserva para emergências e o restante podemos investir a médio e longo prazo, para atingir outros objetivos.

A regra básica de investimentos e prestar atenção às variáveis do tripé de investimentos: Rentabilidade, Risco e Liquidez, lembrando que: quanto maior a rentabilidade esperada, maior tende a ser o risco; quanto maior a rentabilidade esperada, menor tende a ser a liquidez e quanto menor a liquidez, maior tende a ser o risco. Infelizmente não é possível ter rentabilidade máxima, com liquidez máxima e risco mínimo. Sempre haverá um trade-off, como os falantes de língua inglesa dizem, que significa que sempre haverá uma troca, por exemplo, renuncia-se a um pouco de rentabilidade, para se ter mais liquidez e assim por diante.

Tendo isso em mente, os especialistas recomendam que essa reserva de emergência seja aplicada em algum investimento de curto prazo, que possa ser prontamente resgatado em caso de necessidade (têm alta liquidez). É conveniente lembrar que tais investimentos rendem bem menos do que os investimentos de médio e longo prazos (têm baixa rentabilidade). Então, embora seja imprescindível deixar uma parte de suas economias reservada para emergências, é conveniente analisar bem o tamanho dessa reserva, para não manter um valor nem grande demais, que estaria rendendo menos do que poderia se estivesse aplicado em prazo mais longo, nem pequeno demais, que em caso de emergência obrigaria o poupador a recorrer a seus investimentos de médio e longo prazos para cumprir com suas obrigações emergenciais e o faria perder dinheiro, lembrando que resgate antecipado nunca é bom.

Não há uma fórmula mágica para determinar essa poupança de curto prazo destinada a emergências. Um bom critério é examinar as despesas mensais e estipular um prazo, por exemplo de 6 a 12 meses, para ter de reserva. Ou seja, a reserva deveria ser suficiente para bancar as despesas por 6 a 12 meses. Investidores mais arrojados podem optar por uma reserva menor e os mais conservadores podem optar por uma reserva maior, para ter dinheiro para emergências mais longas, sempre lembrando que pela regra do tripé de investimentos (Rentabilidade, Liquidez e Risco) a reserva renderá menos do que as aplicações de médio e longo prazos.

O ano de 2020 e, infelizmente, também o de 2021, são bastante atípicos, não é comum aparecer uma pandemia cujos efeitos nocivos são tão duradores e que cause tanto transtorno na economia. Provavelmente as reservas emergenciais, aplicadas no curto prazo, para um resgate imediato, em caso de emergências, não cobrem esse período tão longo. Mas eventos como esses são muito raros, são aquilo que os economistas denominam de Cisnes Negros, mas que ocasionalmente acontecem.

A reserva emergencial, como já explicado, deve ser aplicada em um investimento que permite resgate imediato ou quase imediato. Alguns exemplos desses investimentos seriam ativos atrelados à variação de 1 dia das taxas de juros básicas (Selic ou CDI), ou os fundos que investem nesses ativos. Os principais exemplos são aplicações no Tesouro Direto em Títulos pós fixados Tesouro Selic e fundos DI. Poupança também tem essa característica, mas apesar da ligeira alta da Selic ainda está rendendo abaixo da inflação.

A caderneta de poupança tem duas regras de remuneração. Se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, então as aplicações rendem 0,5% ao mês + variação da TR (taxa referencial). Se a Selic estiver abaixo de 8,5% a.a., então as aplicações em caderneta de poupança rendem 70% da Selic. Isto significa que a caderneta de poupança hoje está rendendo 70% de 2,75% (Selic) = 1,93% ao ano. Ainda que o Copom (Comitê de Política Monetária) em sua próxima reunião aumente a Selic para 3,50% ao ano, o rendimento da Caderneta de Poupança ainda será de 2,45% ao ano.

A previsão do boletim Focus (que é a média das opiniões das principais instituições financeiras, coletadas pelo Banco Central) é de uma inflação de 4,71% nesse ano. Então não é necessário nem fazer conta para saber que a poupança, ainda que livre de Imposto de Renda, vai continuar com rendimento real (acima da inflação) negativo.

Depois que a reserva emergencial for atingida então é hora de pensar nas aplicações de médio e longo prazos.

Antes de escolher os investimentos é necessário que o investidor descubra qual é o seu perfil. Bancos, corretoras, e fintechs, costumam ter questionários para o investidor responder que determinam seu perfil. Os perfis são geralmente classificados em conservador, moderado e Agressivo, mas cada banco/corretora tem sua própria subclassificação, então podem aparecer outras divisões dessas categorias. Geralmente o que difere as carteiras de um perfil para o outro é a porcentagem do dinheiro investida em cada opção de investimento.

Uma carteira Conservadora terá uma porcentagem maior de dinheiro em Renda Fixa e provavelmente um pouco em Fundos Multimercado e zero em Renda Variável. Já um perfil Moderado terá também uma boa porcentagem aplicada em Renda Fixa, uma porcentagem do investimento um pouco maior em Fundos Multimercado e terá algum investimento em Fundos de Renda Variável.  Essa diversificação pode ser maior se volume financeiro for maior e se o perfil do investidor for mais arrojado.

Todos os perfis terão provavelmente alguma parte de seu dinheiro aplicado em Renda Fixa. Há diversos produtos classificados como renda fixa, por exemplo: títulos do Tesouro Direto, CDB (certificados de depósito bancário), LCI e LCA que são isentos de imposto de renda (letra de crédito imobiliário e letra de crédito do agronegócio); fundos de renda fixa, que reúnem diversas alternativas. Esses títulos são boas opções para sair da caderneta de poupança.

Uma boa alternativa tanto para investidores de perfil Moderado, como Agressivos e até mesmo para os investidores de perfil Conservador (lembrando que as porcentagens investidas serão diferentes para cada perfil) são os fundos imobiliários (FIIs), que assim como a caderneta de poupança, são isentos de IR. Esses fundos funcionam como se fossem condomínios, reúnem vários investidores em torno de um objetivo comum. Os investidores nesses fundos desfrutam dos resultados de investir no mercado imobiliário sem ter que comprar imóveis.

Os Fundos Multimercados são indicados para investidores com perfil Moderado e Agressivo. São fundos que investem, como o nome indica, em vários mercados, por exemplo em fundos de renda fixa, em fundos de ações em fundos cambiais. Cada fundo multimercado, dependendo do seu gestor, poderá ser mais agressivo, ou mais moderado. Então é importante consultar o prospecto do fundo multimercado para saber como o seu dinheiro será investido. Esses fundos são geralmente mais rentáveis que os fundos de renda fixa, mas têm mais risco. Importante: fundos multimercado não estão cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), como acontece com as aplicações em renda fixa.  Lembrando que o FGC é uma espécie de seguro que garante que o investidor receberá o principal aplicado, até o total de R$250.000,00 por CPF, caso o administrador do fundo venha a falir.

Para os investidores com perfil Agressivo há ainda os Fundos de Ações, cuja rentabilidade tem se mostrado excelente, mas que também apresentam risco de mercado maior. Risco de mercado é o risco de flutuações de preços, todos os ativos têm algum risco de mercado, mas no caso de ações esse risco é maior.

Resumindo, o investidor deve se orientar pelo tripé Liquidez, Rentabilidade, Risco e, portanto, deve separar uma parte dos seus investimentos para aplicações de curto prazo com liquidez imediata. Deve estudar seus objetivos e descobrir seu perfil de investidor. Deve escolher seus investimentos de acordo com seus objetivos e seu perfil de investidor. Bons investimentos, desejo sucesso a todos.

Por Professor Roberto Kerr

Relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fechar
Fechar