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CONHECIMENTOS BÁSICOS DE INVESTIMENTO

Esta é uma conversa rápida, mas espera-se que direta, sobre investimentos. Nosso objetivo é esclarecer o ouvinte sobre os pontos básicos da teoria de investimentos de modo a ajudá-lo a tomar melhores decisões de investimento.

Nunca deixe ninguém o fazer acreditar que o assunto de investimentos é só para especialistas e milionários, não é. Todos temos que fazer investimentos ao longo de nossas vidas e é bom saber um mínimo sobre o assunto para que possamos nos sentir seguros.

Mas, obviamente, para pensar em investimentos é preciso ter o que investir, então nossa conversa começa com poupar. Poupar para ter o que investir.

Já mencionei em outra live, mas é bom reforçar, sobre a importância de organizar sua vida financeira para poupar regularmente (lembrem-se da meta de poupar 20% de tudo o que você ganha por mês, todo mês).

Organizar a vida financeira, começa com a caderneta das despesas, ou com o aplicativo de controle de finanças pessoais, também já mencionado antes.

O passo seguinte, depois de conhecer suas despesas, é reduzi-las para que fiquem substancialmente abaixo de suas receitas. Daí, de repente, como em um passe de mágica, você está começando a ficar rico, porque gasta menos do que ganha.

Certa vez um jornalista iniciante foi entrevistar o empresário Silvio Santos e pediu que ele contasse um pouco da sua vida quando ele (Silvio Santos) ainda era pobre. Para surpresa do jornalista, Silvio Santos respondeu: “mas eu nunca fui pobre!” O entrevistador ficou desconcertado, porque ele e todos nós sabemos que Silvio Santos iniciou sua vida profissional, ainda adolescente, vendendo pentes no Viaduto do Chá e vendedores de pentes geralmente não podem se vangloriar de sua riqueza. Então o jornalista retrucou, mas o senhor não começou vendendo pentes no Viaduto do Chá? Silvio Santos respondeu: sim, mas eu era rico, eu ainda era um adolescente, ganhava muito mais do que conseguia gastar e ganhava muito mais do que meus amigos, de modo que muitas vezes era eu quem financiava a balada no fim de semana, portanto eu era rico. Depois disso o jornalista mudou de assunto na condução da entrevista, mas Silvio Santos já nos tinha dado uma lição sobre riqueza.  Também conhecemos histórias de pessoas que ganham muito dinheiro e, no entanto, estiveram ou estão à beira da falência, basicamente porque gastam muito mais do que ganham, acontece com frequência entre jogadores de futebol, mas também com Elton John o fabuloso músico inglês.

Então meus ouvintes, nunca é demais reforçar, os primeiros passos são: a) conhecer suas despesas; b) reduzir suas despesas até ficarem bem abaixo de suas receitas.

Economizar é bom para nós por pelo menos duas razões. A primeira é evitar arrependimentos mais tarde. É muito triste e desagradável ficar pensando: “ah, se eu tivesse…” ou “ah, se eu tivesse agido assim….”! A segunda razão para poupar é bem mais positiva: a maioria de nós aprecia o conforto adicional e a sensação de realização que vem com o processo de economizar e com os resultados, que nos dão maior liberdade de escolha tanto agora como no futuro. Economizar sensatamente é muito parecido com fazer exercícios para manter a boa saúde, além da sensação emocional de realização por ter realizado a corrida (ou outro exercício) vem também a sensação física de bem estar causada pelo exercício. Não ter arrependimentos no futuro é importante, mas não os ter no presente também. Ser um poupador sensato é bom para sua saúde financeira, mas privação não é, portanto não tente economizar demais. Estamos procurando encontrar um nível de poupança que seja sustentável ao longo do tempo, que não nos cause a sensação desagradável de estar deixando de viver para poupar. Portanto amigos, nem oito nem oitenta, como diz o ditado popular.

Quanto antes você começar a economizar melhor, lembre-se que em finanças “tempo é dinheiro”. Então é importante deixar o tempo e a capitalização composta agirem em seu benefício. Antes que vocês reclamem que não sabem nada de matemática financeira e que não sabem calcular capitalização composta, vou ensinar a Regra do 72! Se você ainda não conhece essa regrinha simples, aproveite para aprende-la agora, pois ela desvenda o mistério dos juros compostos.

Regra dos 72: X . Y = 72  onde X  = número de anos que leva para você duplicar seu capital; Y = taxa percentual de retorno que você está conseguindo obter na sua aplicação.

Exemplo numérico 1: para você conseguir dobrar seu capital em 10 anos, qual a taxa de retorno no meu investimento será necessária? Resposta: X = 10 (número de anos que leva para duplicar o capital) vezes Y (taxa de retorno) = 72

10.Y = 72 portanto Y = 7,2% que é a taxa de retorno necessária para dobrar o capital em 10 anos. Simples, não?

Exemplo numérico 2: quanto tempo levará para dobrar seu capital em uma aplicação que rende 5% ao ano?

X.Y = 72; ou X.5 = 72 portanto X = 14,4 anos

Já uma taxa de 10% ao ano cobraria seu capital em 7,2 anos e dobraria de novo seu capital em outros 7,2 anos. Portanto em menos de 15 anos multiplicaria seu capital inicial por 4. Nada mal, não? Essa é a beleza dos juros compostos quando eles estão trabalhando para você, mas lembre-se que a capitalização composta também pode trabalhar contra suas finanças. Cartões de crédito são o oposto de um grande investimento. Arruinadores de finanças pessoais. Portanto uma regra universal: nunca, nunca, nunca financie suas despesas com cartões de crédito.

Eu disse a pouco que poupar é como fazer exercícios, mas outra metáfora que se encaixa é poupar é como controlar peso. Ambos dependem de disciplina e ambos dependem da forma correta de pensar sobre disciplina. Pessoas que são magras, gostam de ser magras. Pessoas que economizam, gostam de economizar. Em ambos, pessoas bem que se saem bem concentram-se em pensar nos benefícios que disfrutarão. Warren Buffet, tido como o mais bem sucedido investidor do mundo, é famoso por seu consumo pessoal frugal, embora possua hoje bilhões de dólares. Para Buffet um dólar economizado no passado, no começo de sua vida profissional, vale hoje mais de $8 dólares, que é o valor que os dólares investidos no passado representam hoje.

O modo mais fácil de economizar é não se deixar levar pelo impulso. Evitar compras de impulso. Antes de ir ao supermercado, faça uma lista do que realmente necessita e permaneça focado na lista enquanto estiver fazendo suas compras. Com o advento das compras virtuais é ainda mais importante ficar focado naquilo que é necessário e lhe trará valor. As compras por impulso, sugeridas pelos algoritmos, são quase sempre absolutamente desnecessárias.

É sempre útil examinar nossas despesas futuras e classificá-las em compras que trarão excelente valor, compras que trarão valor razoável e compras que não trarão valor. Depois eliminar as que não trarão valor. Por exemplo, se você se hospedar em um hotel mais simples, você realmente se aborreceria? Quanto vale para você um quarto de hotel mais caro? O preço cobrado valerá a pena? Se você concluir que não, então é uma ótima oportunidade de economizar para depois poder fazer ou ter algo que realmente importa para você.

Depois de falarmos tanto sobre economizar para ter o que investir, vamos falar em estratégias de investimento.

O mercado brasileiro mudou muito nos últimos anos e não foi só agora durante a pandemia. Os juros vêm caindo há anos, a regra de remuneração da caderneta de poupança teve que ser mudada, os investimentos em renda fixa estão com dificuldades para bater a inflação, o que torna o rendimento real destes fundos pouco atraente. Isso tem atraído os investidores comuns para a Bolsa de valores. Sem dúvida estes ativos, que são denominados de renda variável, têm risco bem maior do que os ativos de renda fixa, mas exatamente por este motivo os rendimentos também são bem mais altos.

Lembrando da nossa live anterior, a regra básica de investimentos e prestar atenção às variáveis do tripé de investimentos: Rentabilidade, Risco e Liquidez, lembrando que: quanto maior a rentabilidade esperada, maior tende a ser o risco; quanto maior a rentabilidade esperada, menor tende a ser a liquidez e quanto menor a liquidez, maior tende a ser o risco. Infelizmente não é possível ter rentabilidade máxima, com liquidez máxima e risco mínimo. Sempre haverá um trade-off, como os falantes de língua inglesa dizem, que significa que sempre haverá uma troca, por exemplo, renuncia-se a um pouco de rentabilidade, para se ter mais liquidez e assim por diante.

O primeiro passo é definir seu perfil de investidor, os bancos e as corretoras têm questionários que o ajudarão a descobrir seu perfil.  Esses bancos e corretoras costumam classificar os investidores em três tipos: conservador, moderado e agressivo. Alguns bancos e corretoras utilizam mais de três tipos de investidor, mas estes três já dão uma boa ideia.

Conservador é aquele investidor que prefere segurança e está disposto a abrir mão de uma rentabilidade maior para obter isso. Os tipos de investimentos sugeridos para estes investidores são: Fundos de Renda Fixa, Tesouro Direto, CDB, LCI e LCA.

Moderado é o investidor de perfil intermediário, que procura investimentos com rentabilidade maior, mas não está disposto a correr grandes riscos. São pessoas que buscam rendimento maior, mas ao mesmo tempo não toleram perdas. Os investimentos recomendados para este tipo de investidor são os Fundos Multimercados, Debêntures, Fundos de Ações, Fundos Imobiliários, e Letras Financeiras.

O Investidor agressivo prefere assumir riscos buscando a máxima rentabilidade que puder obter. Vale lembrar que é necessário ter conhecimento do mercado. Um investidor agressivo também deve ter uma carteira bem diversificada com parte de seus investimentos em opções moderadas e conservadoras.

Os investimentos dessas pessoas podem incluir derivativos e ações e fundos de investimento mais agressivos, além de criptomoedas.

Uma dica importante para qualquer perfil de investidor é fazer simulações antes de realmente aplicar dinheiro nas opções que estão sendo consideradas. As simulações permitem que o investidor verifique se sua linha de pensamento poderia dar bom resultado, antes de realmente entrar nesses investimentos.

 

Por Professor Roberto Kerr

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