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VISÃO EMPRESARIAL: POR QUE EXPORTAR/IMPORTAR?

O processo de globalização que passou a impulsionar o comércio internacional na última década do século XX, embora considere que Adam Smith tenha sido o propulsor dessa realidade no século XVIII, trouxe para o cenário econômico internacional uma nova realidade que, para a maioria das empresas, tornou-se uma necessidade: a busca pela melhor qualidade e menor preço.

 

Com tal necessidade, as empresas passaram a considerar os negócios internacionais, de forma geral, sob dois aspectos:

  1. Vantagens:
    1. Possibilidade de aumento da produção, com a exportação dos excedentes não consumidos no mercado interno;
    2. Complementação tecnológica, importando tecnologias indisponíveis internamente;
    3. Melhoria da qualidade, com aumento da competividade interna e externa;
  2. Desvantagens/riscos:
    1. Eventuais quedas de preços internacionais, desfavorecendo a exportação e criando estoque excedente/custoso;
    2. Aumento dos preços internos desfavorece a produção interna e favorece a importação de produtos similares;
    3. Poder de compra da moeda local, favorecendo a exportação caso taxa cambial seja desvalorizada e favorecendo a importação quando essa taxa estiver valorizada.

 

Diante dos aspectos acima apresentados, derivam dois questionamentos que os gestores de empresas ainda não internacionalizadas, na sua visão empresarial, necessitam solucionar: Por que exportar? Por que importar? Embora a resposta para isso seja um tanto tecnicista, o entendimento dos gráficos a seguir contribuirá para a inclusão do negócio no processo de internacionalização.

 

 

 

 

 

03Neste primeiro gráfico considera-se que em um País fictício se produza uma quantidade QA com um nível de preço PA , sendo A o ponto de equilíbrio entre Oferta e Procura, e, P o preço internacional. Ao se comparar os custos de produção e se observar que estes são maiores no exterior, haverá uma vantagem competitiva interna, ou seja, PA é menor do que P. O preço interno PA inferior ao preço internacional levará as empresas locais a ampliarem sua produção e seu nível de emprego, deslocando a quantidade produzida e o nível de emprego de QA  para Q2 (ponto C na curva da oferta O) e, ao mesmo tempo, o consumo interno se deslocará de QA para Q1 face a prática no mercado interno do preço equivalente ao do produto exportado (ponto B na curva de procura P). Com o aumento da produção mais a diminuição do consumo, percebe-se que o triângulo formado pelos pontos BAC (face aos deslocamentos verificados nas curvas de oferta e procura) aponta o ganho total quea as empresas obterão com a internacionalização de seus negócios (o País terá ainda a elevação do nível de emprego, representando um ganho adicional gerado pelo aumento das exportações), porém, os consumidores internos passarão a pagar mais pelos produtos anteriormente mais baratos e isso se refletirá no nível de preços com possível reflexo inflacionário.

 

 

 

 

 

 

O segundo gráfico apresenta uma situação aparentemente igual, porém, há significativas diferenças:

  1. O preço no mercado interno PA é maior do que o preço internacional P (face aos seus custos de produção serem maiores do que no mercado externo);
  2. Sendo o preço internacional menor do que o preço interno, as empresas intensificarão a importação desses produtos ao invés de produzirem internamente. Com isso a produção local diminuirá junto com o nível de emprego, deslocando a quantidade produzida QA para Q1 (ponto C na curva de oferta O), e, ao mesmo tempo, o consumo interno por produtos importados se deslocará de QA para Q2 (ponto B na curva de procura P);
  • O mesmo triângulo BAC, do gráfico anterior, reproduz agora uma realidade diferente para as empresas produtoras nacionais, com a transferência de lucros para os consumidores, e, desconfortável para o País com a diminuição da produção, redução do nível de emprego e possível fechamento de empresas.

Diante do que foi descrito, pode-se concluir que as atividades de exportação são muito mais interessantes para o País e a população em geral (pelo aumento da produção e da renda, além da maior oferta de emprego) e para as empresas (pela maior possibilidade de lucros), embora as importações possam oferecer menores preços aos consumidores em geral (ressaltando-se a maior possibilidade de fechamento de empresas e redução do nível de emprego).      

 

Prof. Dr. Francisco Américo Cassano

Doutor em Ciências Sociais – concentração em Relações Internacionais, Professor Ajunto e Pesquisador do tema Relações e Negócios Internacionais na Universidade Presbiteriana Mackenzie

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