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Qual é a sua decisão: Emoção ou Razão?

Você está frente a um desafio e precisa tomar uma decisão: Recorre ao que o pensamento racionaliza ou sentir o que diz o coração? Vou pela Razão ou pelo coração? Sigo meu sentimento ou meu pensamento?

Na antiguidade, Platão filosofava sobre a importância de suprimir o sentimento para poder racionalizar. Depois, passando por Descartes que separou a razão da emoção, alegando que seriam processos excludentes, o homem continua buscando uma relação entre tais conceitos. Fato é que tanto a emoção quanto a razão fazem parte indissociável do ser humano, são interconectadas. A qualidade desta conexão pode predizer muito sobre sua saúde. Como eu lido com minhas emoções, como dirijo minha vida, quais minhas prioridades e quais são minhas rotinas é o escript ou a receita.

Quando passei por um grave AVC, o qual me deixou bastante desorganizada emocionalmente e fisicamente comprometida, percebi de modo empírico que para me reabilitar deveria dar muita importância às minhas emoções. Não digo para dar mais ou menos importância aos processos emocionais em detrimento à racionalidade, mas sim creditar importância às emoções. Estas últimas somam ao processo cognitivo, mais voltado ao racional e lógico.

Escrevi no livro A cura do cérebro, que para me superar foi preciso reconhecer, valorizar e estimular tanto as emoções agradáveis (conhecidas também por emoções positivas) quanto a lógica, o pensamento. Não são processos excludentes, mas os conceitos e conteúdos de razão e emoção podem ser somados, integrados na individualidade singular de cada ser humano.

Desta forma senti na pele o que passei a estudar na neurociência. Os estudos mais recentes e robustos a cerca da relação entre tomada de decisões e emoções é trabalho do time do neurocientista Antonio Damásio. Por isso, que- quando escrevi a biografia de um cérebro que se desorganiza após um derrame cerebral e volta a se reorganizar e funcionar de modo mais efetivo, conto o que aprendi sobre o poder das emoções.

Para toda decisão temos pelo menos 2 escolhas.

Toda decisão não é a ideal escolha, mas a possível. Toda decisão é dependente do contexto e vulnerável a ação de terceiros.Toda decisão, seja de você continuar a ler este artigo ou não, vai incluir fatores situacionais, emocionais e racionais, sempre na medida do seu treino, da sua história e experiências. Podemos treinar a maneira como percebemos, sentimos, aprendemos e decidimos? Sim, podemos.

O ser humano é tão único quanto potente.

Cada um de nós apresenta uma diversidade tão complementar quanto particular. Assim como uma impressão digital, nosso cérebro vai se desenvolvendo e passar por processos de amadurecimento, os quais são sugeridos pela genética, por fatores hereditários e ambientais.

Nossas decisões são norteadas por emoções e pensamentos.

E quais são as emoções? Como espécie humana, apresentamos a priori 5 emoções primárias e outras secundárias. As emoções primárias são aquelas reações emocionais que compartilhamos com toda a espécie humana. Sim, emoções que todos, seja quem nasce no Japão, na selva amazônica ou no Brasil, vivenciamos e sentimos.

Nem pense em dizer que você é muito evoluído e não sente raiva, pois se você é humano, você sente. A questão é o que você faz com o que você sente. Raiva é uma emoção primária extremamente importante para a sobrevivência há centenas e milhares de anos era mais importante à sobrevivência física e recentemente também à sobrevivência mental. Perceber, identificar e aprender a lidar com a raiva, com esta emoção que nos move, é de fundamental relevância para entendermos como as emoções são coadjuvantes à racionalidade.
Nem mais importante nem menos. Ampliar seu repertório de respostas às situações é uma estratégia competente.

Se não lidamos bem com a raiva, se ficamos presos à ela vivenciando por muito tempo o estado emocional da frustração, por exemplo, além de perdermos capacidade para solucionar problemas e experienciar as situações com mais qualidade podemos também adoecer fisicamente.

Aliás, esta dupla frustração-raiva é quase uma bomba atômica. Desativar esta bomba, ampliando sua consciência sobre suas atitudes, pensamentos e escolhas é o verdadeiro mapa da mina. Mina de emoções agradáveis, de sentimentos promotores e ações proativas.

Decidir conscientemente ou inconscientemente por não mudar sua forma de ver as situações, de focar mais no difícil e desagradável, pode ser uma atitude pouco eficaz e saudável. Aprender a regular suas emoções é de fato uma atitude assertiva.

Se você tinha ficado na dúvida se ia querer ler ou ainda se seguiria lendo este artigo o fez escolher chegar até aqui, foi sua capacidade de tomada de decisão e incluiu aspectos emocionais e racionais. Vou convidar-lhe para as próximas leituras sobre como o cérebro e as emoções podem ser melhor trabalhados, ativados e cuidados.

Aprender a integrar e usar o melhor dos mecanismos de tomadas de decisão faz de cada um de nós, mais capaz, protagonista e inteiro.


Adriana Fóz
Educadora, pela Faculdade de Educação da USP (FEUSP), pós-graduada em Psicologia da Educação (USP), especialista em Psicopedagogia (Instituto Sedes Sapientae), Neuropsicologia (CDN/UNIFESP) e Mestre em Psicologia Médica e Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo, Adriana Fóz é especialista em Psicopedagogia e Neuropsicologia. É diretora da NeuroConecte, pesquisadora do LINC (Laboratório de Neurociências Clínicas – Unifesp. Referência nacional em Educação Socioemocional, Reabilitação Cognitiva e Neurociência Educacional, Adriana atende em seu consultório pacientes jovens e adultos, além de dar cursos e aulas em importantes instituições, como Casa do Saber, Palas Athena e Singularidades. Palestrante em congressos nacionais e internacionais, tendo inclusive se apresentado no TEDx, Adriana também é autora de diversos livros, entre eles, o Livro Frustração, lançado em 2019, o best seller “A Cura do Cérebro” e “As aventuras de Newneu – O superneurônio”, este último voltado para o público infantojuvenil. Tem como propósito, tanto como pesquisadora, professora e terapeuta, conectar a educação, a neurociência e a saúde mental.

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