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SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL E LASTRO DAS CRIPTOMOEDAS

O Prof. Roberto Kerr, em suas brilhantes lives e nos seus artigos de opinião apresentados no COBIZZ, muito tem falado no risco de investimento e nas Criptomoedas, como possíveis alternativas de investimento. A fim  de justificar o risco das Criptomoedas, o Prof. Kerr tem afirmado que essas “moedas” não possuem lastro e que, por isso, são consideradas investimentos de risco elevado.

A fim de melhor entendermos o significado da existência de lastro, há que serem considerados os seguintes aspectos/acontecimentos:

  • No final da 2ª Guerra Mundial, a moeda norte-americana (US$) passou a ser uma moeda de aceitação universal (em substituição à moeda britânica, que se desvalorizou face aos seus reveses nessa guerra);
  • Dessa forma, o US$ não somente passou a ser a moeda de aceitação nas transações comerciais internacionais como, também, passou a ser a moeda das reservas internacionais dos países (isso garantiria o lastro de cada moeda e o ponto de equilíbrio para definição do seu valor real);
  • No ambiente interno, o lastro da moeda baseia-se na confiança que as pessoas terão de que essa moeda será aceita como meio de pagamento pelas demais pessoas. Sem essa confiança das pessoas, a moeda seria pouco utilizada mesmo com a garantia governamental.

Portanto, o lastro de uma moeda é fundamental para o perfeito funcionamento de um sistema de pagamentos. Algumas moedas denominadas “fortes” (por serem estáveis e não se desvalorizarem/valorizarem frequente e abruptamente), como o US$, o € e a ₤, são aceitas por um grande número de pessoas e passam a ser meio de pagamento internacional (no caso do Brasil, o US$ é a moeda de maior aceitação e o mercado cambial brasileiro funciona com a paridade US$/R$).

Com o crescimento das economias e com o aumento das populações e das necessidades alimentares, as produções agrícolas e industriais mundiais se desenvolveram e passaram a necessitar de um sistema financeiro internacional mais amplo e atuante, que lhes atendesse de forma mais prática e segura. Com essa significativa necessidade, o Sistema Financeiro Internacional – SFI se fortaleceu, e, mesmo informalmente, atua com base em um tripé robusto e integrado: o Banco Mundial; o Fundo Monetário Internacional; os Bancos Centrais dos países, que são supervisionados pelo Banco de Compensações Internacionais (conhecido como Banco Central dos Bancos Centrais).

Diante dessa dinâmica engrenagem que comanda o fluxo de pagamentos internacionais e, também, do envolvimento de todos os países que atuam no comércio internacional, fica difícil imaginar-se uma Criptomoeda lastreada (quem ou qual órgão estabeleceria esse lastro?) e que garanta a sua livre conversibilidade por outra moeda (qual seria a forma de se estabelecer a taxa desse câmbio?).

Portanto, e pelo menos por enquanto, a afirmação do Prof. Kerr, de que um investimento em uma Criptomoeda tem risco elevado, é perfeitamente válida, pois, caso o “Emissor” dessa moeda desapareça o infeliz investidor não terá a quem recorrer e o seu valor desaparecido não lhe será devolvido, por não possuir lastro!

 

Prof. Dr. Francisco Américo Cassano

Doutor em Ciências Sociais – concentração em Relações Internacionais, Professor e Pesquisador dos temas Internacionalização de Empresas e Relações Econômicas Internacionais.

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