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Tirar um descanso da tecnologia também faz parte das férias

A renúncia temporária do celular, tablet e equipamentos eletrônicos faz bem para corpo e mente

As férias escolares chegaram e, com elas, o desejo de relaxar, aproveitar a família, viajar, dormir tarde sem hora pra acordar. Mas em um mundo dominado pelos computadores, tablets e celulares, famílias inteiras passam cada vez mais tempo no ambiente virtual ao invés de confraternizarem entre si. E se durante as férias escolares a família inteira depende da tecnologia para se sentir feliz e relaxado, é hora de repensar essa dependência e promover uma desintoxicação digital para recuperar a convivência e reintegrar a família.

Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas em 2018, o Brasil superou a marca de um smartphone por habitante e já conta com mais de 220 milhões de celulares ativos. Ao todo são 306 milhões de dispositivos portáteis em uso, incluindo notebooks e tablets.

É inegável os benefícios dos aplicativos digitais na vida moderna. Facilidades na comunicação e interação com pessoas de diferentes lugares são alguns dos benefícios. O problema está no volume de horas que dedicamos a responder mensagens, olhar os stories e as notificações de mensagens nas redes sociais, principalmente quando estamos de férias.

Para Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva pela Universidade da Pensilvânia, vivemos um momento em que precisamos nos questionar mais, nos impor reflexões e buscar o equilíbrio no uso dessas ferramentas tecnológicas que são importantes em nossas vidas, mas que não podem escravizar, provocar isolamento afetivo e social e afastar as pessoas à nossa volta.

“Crianças, jovens e adultos são membros de uma geração hiperconectada, interligada por redes sociais e ferramentas digitais de contato instantâneo e diálogos superficiais, que só aumentam a distância afetivo-emocional”, afirma a mestre em psicologia positiva.

Flora Victoria reconhece que se desconectar não é tarefa fácil nos dias de hoje, mas lembra que a internet, o smartphone e as redes sociais nem sempre existiram e, mesmo assim, as pessoas se divertiam muito. Aprender a se desligar ou limitar o acesso às redes ou às mídias sociais como Facebook, Instagram, Youtube, Twitter, entre outras, sobretudo durante as férias, diminui o acesso a alta carga de informações negativas e os níveis de estresse e ansiedade, estimulando os laços afetivos.

De acordo com a Psicologia Positiva, a presença e atenção dos pais em um ambiente de descontração e brincadeiras estimulam as competências emocionais das crianças, gerando efeitos positivos na relação familiar, por meio da qualidade do tempo que passam juntos.

Viajar, por exemplo, é um hábito muito indicado para quem quer deixar a rotina agitada de lado. Além disso, viajar em família melhora a interação pessoal, expande o crescimento e ajuda a desenvolver a fortalecer a identidade pessoal e familiar. Mas, para usufruir desses benefícios, é preciso explorar esses momentos com qualidade de tempo, aprendendo a se desconectar temporariamente do mundo digital.

“Férias devem representar convivência humana. Assim, ao invés de ficar postando fotos da família e dos lugares o todo tempo, prefira, por exemplo, um pouco mais de discrição, despertando a curiosidade para o aprendizado à sua volta, explorando ao máximo a convivência e focando nos momentos incríveis da viagem. A palavra é moderação”, reforça a especialista.

E como a melhor forma de motivar a família é dando o exemplo, Flora Victoria lista algumas atitudes que os pais podem adotar para estimular a família a diminuir o consumo digital no período de férias.

Desconectar-se do universo digital favorece as relações, possibilita estabelecer prioridades ao invés de dedicar tanto tempo aos vídeos e mensagens. É uma ótima oportunidade para perceber o que se está perdendo e se conectar com a realidade.