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Economia estagnada não barra crescimento do mercado imobiliário brasileiro

*Por Avelino Andrade

Já parou para refletir sobre como era a relação dos seus pais com dinheiro e como você investe e planeja suas reservas hoje em dia? A diferença mais óbvia e aparente, certamente, tem origem com a Internet, que revolucionou os meios de pagamento e o universo de transações e aplicações financeiras. Contudo, mesmo diante de contextos discrepantes, a forma majoritária de se investir continua, em geral, a mesma. Muito se fala em fintechs, plataformas de microcrédito e de criptomoedas, mas, para a maior parte dos brasileiros, o acesso ao mercado financeiro continua limitado – um quarto da população segue desbancarizada, segundo o IBGE -, a Bolsa tem pouca atratividade e a poupança e os fundos de renda fixa prevalecem como as opções majoritárias de investimento.

Há uma série de fatores que tentam explicar esse descompasso entre oferta e demanda, porém uma análise superficial do cenário atual oferece certo senso de urgência para uma prudente mudança de rumo. Diante de uma balança comercial estagnada, inadimplência em alta, crédito curto e taxas de desemprego que não dão sinais de distensão, investir com sabedoria é uma prerrogativa mais do que necessária. Em junho, pela décima vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (COPOM) manteve a taxa básica de juros em 6,5% ao ano, o que colocou o mercado financeiro em sinal de alerta. O que isso quer dizer? Há uma considerável possibilidade de deflação nos próximos meses – um problema para quem tem investimentos em renda fixa, já que a maioria deles está ligado à taxa de juros. Sabemos, por exemplo, que hoje os dez maiores fundos de previdência rendem menos do que uma aplicação em CDI.

Agora, voltando à questão da comparação de gerações, cite um investimento que os seus pais especulavam e, se tivessem uma folga financeira, fariam sem pestanejar? Comprar imóveis para viver de renda no futuro é uma opção bastante plausível, não? A boa notícia é que a chamada ‘aposentadoria imobiliária’ atualmente não depende, necessariamente, de se ganhar na loteria ou receber uma herança inesperada. Uma das possibilidades em crescimento no mercado é a do consórcio que, ao contrário do que se possa imaginar em um primeiro momento, não é mais apenas uma alternativa menos onerosa para um dia adquirir a casa própria. Funciona da seguinte forma: o consorciado adquire uma cota de consórcio e, após a contemplação, compra um imóvel e o aluga. Com o dinheiro da locação, paga as parcelas restantes do plano e repete a operação, até formar uma carteira de imóveis. Além de renda vitalícia, a ideia aqui é aumentar o patrimônio com um investimento que tem ou está tendo uma rentabilidade maior do que diversas previdências privadas. Além disso, com o consórcio, a partir do primeiro mês, ele já tem a possibilidade de ser contemplado e investir na aquisição do imóvel que irá gerar renda extra.

Mas, o mercado imobiliário não está em baixa? Ao contrário, ele dá todos os sinais de que é o fim definitivo do biênio negro do setor (2016/2017). Um levantamento feito pela Cbic – Câmara Brasileira da Indústria da Construção – revela aumento de quase 10% na venda de imóveis residenciais entre janeiro e março deste ano, em comparação ao mesmo período de 2018. O número de investidores em fundos imobiliários, por sua vez, mais que dobrou nos últimos 12 meses, segundo a B3, superando a marca de 317 mil pessoas em abril, em um crescimento de 10,6% em relação ao mês anterior.

No começo do artigo, sugeri uma reflexão sobre a sua relação e a dos seus pais com o dinheiro. A despeito das mudanças provocadas pela chamada economia digital, que veio para ficar e ainda vai transformar radicalmente o universo financeiro, o investimento em imóveis continua sendo uma ótima alternativa, mesmo na era dos bits e bytes.

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