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Será que o Instagram está contra os influenciadores?

Antes de responder essa questão, vamos pensar em duas situações. Na primeira, você montaria uma cafeteria descolada, com vários recursos e conforto para que as pessoas pudessem se encontrar para diversas finalidades— inclusive profissionais— e permitiria que o seu espaço fosse utilizado para reuniões de negócios, em que os organizadores levassem o próprio café para os convidados?

Ou ainda, vamos pensar em uma rede de televisão, como o SBT. Será que o Silvio Santos permitiria que um artista criasse um programa de entretenimento bem bacana, utilizasse a sua emissora para exibição nacional, conquistasse grande audiência, vendesse anúncios publicitários e não pagasse nada à empresa? E se, além de tudo isso, o tal artista ainda retirasse anunciantes do SBT? O que você acha disso? Bom, com absoluta certeza, ele não permitiria e não estaria errado.

Talvez, esse exemplo se aproxima mais do que vem acontecendo com o Instagram. Os influenciadores criam posts interessantes e conquistam milhões de seguidores, curtidas e visualizações, constroem uma relação de amizade e confiança com o público e, obviamente, ganham dinheiro, fazendo publicidade com divulgação de marcas em seus feeds e stories. Porém, estão fazendo isso dentro de uma empresa, que também vende espaços publicitários.

E, ao que tudo indica, nas últimas semanas, algumas medidas começaram a ser tomadas para dificultar essa atuação dos influenciadores, com mudanças significativas na rede, como o fim da quantidade de likes e visualizações nos posts e a queda no alcance e/ou engajamento das publicações, provocando uma onda de dúvidas e especulações entre os especialistas, influenciadores, marqueteiros e demais profissionais que atuam no universo digital.

Segundo a plataforma, tais medidas foram adotadas, principalmente para proporcionar melhorias na qualidade dos conteúdos publicados, uma vez que algumas pessoas excluíam posts após perceberem que não haviam atingido um número interessante de likes, enquanto outros publicavam conteúdos sensacionalistas ou constrangedores, apenas para conseguir likes.

No entanto, se nos colocarmos na posição dos proprietários da rede, como nos exemplos acima, talvez tomaríamos tais medidas para limitar a atuação dos influenciadores, no que diz respeito a publicidades. E pensando dessa forma, mais simplista, não estaríamos contra os influenciadores, mas apenas protegendo o nosso negócio.

Afinal, as redes sociais são empresas e precisam ganhar dinheiro para viver. Ou você acredita mesmo que o Mark Zuckerberg criou o Facebook apenas pelo prazer de ver você feliz, mostrando suas maravilhosas viagens, interagindo com seus amigos e encontrando familiares distantes? É claro que não!

Por outro lado, fica a dúvida: dificultar a vida dos influenciadores ou criadores de conteúdo é uma boa estratégia? Eu, particularmente, acredito que não! Até porque entendo que a rede precisa deles para que se mantenha ativa e atraia o interesse do público. Além do mais, se os conteúdos não são distribuídos, não geram movimentação e ganhos para os influenciadores, por que eles continuariam na rede? Lembrando que produzir conteúdo é trabalhoso e exige muita dedicação e planejamento.

Resumindo: sem estímulo, os influenciadores podem desanimar, o que deixaria a rede pouco interessante. Você acessaria o Instagram só para ver a sua tia postando foto do cachorrinho ou uma mensagem motivacional, dizendo que algo muito bom vai acontecer nesta semana? Com certeza, eu não ficaria na rede!

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Rodrigo Mancini
Rodrigo Mancini é economista, Mestre e Doutor em geografia econômica, empreendedor e empresário.

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