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Criptografia precisa ser prioridade em projeto de fusão de aplicativos de mensagem

União entre Facebook, Instagram e WhatsApp deve priorizar a privacidade dos usuários, diz especialista

28 O resultado da fusão seria um mensageiro que uniria as três plataformas e permitiria a comunicação direta entre um usuário do WhatsApp e uma pessoa que possui conta no Instagram, por exemplo.

Através de uma postagem em sua página pessoal no Facebook, o megaempresário explicou que a ideia é facilitar a vida de quem utiliza os programas e “dar escolha para as pessoas, sendo que assim elas poderão chegar aos amigos através do aplicativo que elas quiserem”.

Sylvia Bellio, CEO da It Line Technology, empresa considerada por quatro anos consecutivos a maior revendedora da Dell no Brasil, explica que uma das prioridades da integração precisa ser levar segurança aos usuários. Isso pode ser feito a partir da criptografia.

“A criptografia é uma técnica matemática digital que embaralha o conteúdo de dados como, por exemplo, trocas de mensagens em aplicativos. Conteúdos criptografados só podem ser acessados por quem possui determinada chave de acesso, que desembaralha o conteúdo e consegue mostrar os dados que foram trocados”, pontua Sylvia.

Ela salienta que em serviços criptografados de ponta a ponta, somente quem possui essa “chave” é o emissor e o receptor da troca de dados. A criptografia também está sendo usada para proteger dados bancários e permite a segurança de redes Wi-Fi, cita a especialista.

Sylvia afirma que a união entre redes será feita somente por quem quiser possuir o serviço integrado. Atualmente, somente WhatsApp e Messenger (Facebook) possuem criptografia nas mensagens. No caso do segundo, a ativação de segurança precisa ser feita manualmente pelo usuário.

 

Nova era da comunicação

Sylvia também afirma que a integração entre Messenger, Instagram e WhatsApp poderá mudar a forma como as pessoas se comunicam e pode fazer com que elas se atentem sobre a necessidade de buscar conexões seguras, já que o assunto irá repercutir bastante e precisará de esclarecimento.

No caso do Whats, como o aplicativo é popularmente conhecido no Brasil, o impacto será imediato. De acordo com o próprio mensageiro, a plataforma possui mais de 120 milhões de usuários no Brasil. Com a interação entre o Messenger e o Direct Message (Instagram), os usuários poderiam usufruir de mais sistemas que possuem criptografia de ponta a ponta. Com isso, além da troca de mensagens, as ligações de áudio e vídeo também estariam protegidas de hackers.

Sylvia pontua que o anúncio de Mark Zuckerberg pode causar um impacto no mercado. “Podemos entrar em uma nova era da comunicação na internet. Facebook, Instagram e WhatsApp, que são do mesmo dono, representam uma fatia significativa na internet. Eles são praticamente um monopólio e por isso suas decisões impactam na vida de milhares e milhares de pessoas”, diz.

 

Privacidade e questão jurídica

Sylvia defende, ainda, que no meio dessas mudanças é de extrema importância discutir a questão da preservação da intimidade das pessoas. Ela afirma que se a promessa de criptografia para as redes for cumprida, o fato será uma vitória da privacidade.

“Estamos em um momento tecnológico em que um dos debates mais importantes é a privacidade do usuário. E as empresas estão começando a perceber que isso é valioso por diversas questões. Abrir dados pessoais, sem um critério razoável, para governos e empresas pode abrir um perigoso precedente até para a democracia”, argumenta.

Sobre essa temática, ela lembra que em pelo menos quatro oportunidades diferentes o WhatsApp foi retirado do ar pela Justiça brasileira, por causa da não liberação de dados de pessoas investigadas. Na segunda vez, em dezembro de 2015, o aplicativo ficou 14 horas fora do ar. No terceiro bloqueio, em maio de 2016, o programa ficou um dia inteiro sem poder ser acessado.

Nas decisões de desbloqueio, os magistrados citaram que a punições não poderiam acarretar sobre toda a população. Na decisão que derrubou o bloqueio do Whats em maio de 2016, o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, argumentou que a paralisação do serviço violava o “preceito fundamental da liberdade de expressão e comunicação”.

Na Europa, entrou em vigor, em maio do ano passado, o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GPDR, em inglês). A lei era debatida desde os anos 90 e foi aprovado somente em 2016, sendo que ela estipulava um prazo de dois anos para que as empresas de tecnologia se adaptassem às novas regras.

Depois do debate europeu, o Brasil também discutiu o assunto. Depois do trâmite legislativo, em agosto do ano passado foi publicada no Diário Oficial a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP). O escopo da lei trata sobre as formas que os dados dos brasileiros serão coletados e tratados.

“Como na Europa, a LGPDP tem 18 meses de adaptação, então ainda estamos nesse período. A legislação, que foi um avanço para nós, estipula que o tratamento dos dados pessoais precisam respeitar princípios claros de necessidade e segurança. Além disso, a coleta das informações só pode ocorrer se o usuário permitir expressamente e caso a pessoa queira, ela pode pedir para que a empresa pare com o tratamento dos seus dados. Essa foi uma importante medida que visou justamente a proteção das privacidades”, finaliza a especialista.

 

Fonte: www.itltech.com.br

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