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A Fragilidade Que Balança A Empresa

Não é possível acertar ou prever o futuro de uma empresa em sua jornada de vida. Contudo, podemos afirmar com um altíssimo grau de probabilidade que em um dado momento as nossas organizações irão passar por algum tipo de crise. Não é “bola de cristal”, somente, uma montanha de dados históricos que corroboram com essa afirmativa.

Muito provavelmente, não estou escrevendo nem falando sobre algo novo. Talvez, a sua empresa já tenha passado por inúmeras crises ou está passando pela sua primeira – se for o caso, seja bem-vindo ao time.

Antes de mais nada, é preciso reforçar que entrar em uma crise pode ou não ser um termômetro da sua capacidade em gerenciar o seu negócio. O que quero dizer com isso? Simples. Quando estamos falando em problemas, podemos, de maneira mais simplista, dizer que eles podem surgir de três possibilidades.

Possibilidade 1. Crise é externa à empresa;

Possibilidade 2. Crise nasce dentro da organização;

Possibilidade 3. A união das possibilidades 1 e 2.

Em minha caminhada como consultor, o que mais vejo é a “possibilidade 3”. Vale fazer uma ressalva ao compartilhar essa observação. Nem sempre, ou melhor, em sua grande maioria, o cenário 3 não é divido em sua metade exata. Aliás, dentro de meu recorte de experiência, as forças que “puxam” a crise tendem a trocar de lugar no papel de protagonista.

Com o seguinte contexto evidenciado (possibilidade 3 + distribuição de protagonismo assimétrica), voltamos ao ponto que gostaria de compartilhar nesse artigo: o papel que a crise tem em evidenciar as fragilidades de uma organização.

Não diferente de uma relação entre pessoas – que muitas vezes – precisa ser tratada de uma forma extremamente cuidadosa, pois qualquer mudança ou “inclinação” para algum lado pode gerar um efeito dominó de problemas, a crise também necessita ser olhada com muita atenção. Não somente pelas razões óbvias, como os problemas em potenciais que ela muito provavelmente irá gerar, mas principalmente, pelas dinâmicas que estão “submersas” e/ou veladas no dia-a-dia de sua empresa.

Nesse sentido, estou focando nesses pontos sensíveis em potencial. Que geralmente representam muito mais perigo do que as pessoas costumam visualizar. Isso se deve, pois em sua grande maioria eles foram colocados tão “debaixo do tapete” que as as pessoas envolvidas nem “se lembram” mais sobre eles. Contudo, os “problemas nunca esquecem da gente… – especialmente, os que estão enterrados e/ou deliberadamente escondidos”.

Com a chegada de uma crise, o ambiente torna-se propício para que a empresa fique completamente nua, ou seja, tudo que estava oculto passa a ser revelado. Essa dinâmica adiciona uma nova dimensão na crise para qual a maior parte das organizações não só não está preparada com pode ser o ponto final em sua existência.

A crise evidência e coloca em primeiro plano todas as fragilidades da empresa.

Para muitas empresas, não é falta de recurso financeiro nem a falta de tempo para responder que leva a organização ao seu extremo, mas sim a soma de todas as questões e dinâmicas que ao longo do tempo foram colocadas em segundo plano e que possibilitaram uma aparência que tudo estava funcionando.  Todavia, era só isso mesmo; aparência.

Não é difícil imaginar, nem compreender o motivo pelo qual inúmeras empresas têm a sua jornada interrompida de forma concreta e sem volta. Quando olhamos ao nosso redor, seja em nossa organização ou em outras empresas, podemos, se pararmos para observar de forma atenta e vigilante, rapidamente perceber o que – na maior parte das vezes – sempre esteve na nossa frente: as estruturas das empresas estão totalmente minadas. Todos esses furos, na verdade, são as dezenas, centenas e milhares de pequenas situações que vão sendo colocadas para a lateral, ou então no famoso “amanhã, vemos isso…”, mas o que não fica claro para as pessoas que fazem isso é que deixar para lá não é sinônimo de que a questão/problema em si deixam de existir. Muito pelo contrário. Nesse caso, o que os olhos não vêem, a estrutura sente.

Peço ao terminar este post, que você e/ou seu time façam uma reflexão honesta sobre o quanto o que deveria ser resolvido hoje está sendo minimizado e até mesmo deixando de lado. Talvez, você ainda tenha um ativo que poucas empresas possuem: tempo para ser preparar e reparar. Não desperdice essa sua vantagem competitiva. Lembre-se, salvo raríssimas exceções, geralmente o que é deixado para “amanhã”, cai no esquecimento e retorna como um desafio 100 vezes mais potente.

Bons negócios e até a próxima!

 

Gabriel_Machado_DODAKHAM
Gabriel Machado – Strategic advisor, escritor e fundador da DODAKHAM.

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