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OCEANIA – UM MERCADO PARA SER MELHOR EXPLORADO

A Oceania é considerada o continente mais isolado do mundo, sendo o último a ser descoberto e colonizado. Em função disso é considerado como o “mundo novo” e o que menos sofreu as ações de agentes transformadores do solo e das rochas.

Composta por várias ilhas do Oceano Pacífico (Austrália, que representa perto de 90% da área total, Nova Zelândia, Nova Guiné e parte do arquipélago malaio) a Oceania se caracteriza como o menor continente em área e em população.

O desenvolvimento socioeconômico da Oceania está concentrado na Austrália e na Nova Zelândia, que estão posicionados entre os países mais ricos e com melhor qualidade de vida em todo o mundo. Os demais países não possuem expressão econômica e baseiam as suas atividades na agricultura e no turismo, sendo este muito bem explorado em todos os países.

Apesar do elevado nível de desenvolvimento econômico existente na Oceania, as empresas brasileiras direcionam um baixo volume de exportações para esse continente, conforme exposto na Tabela 1.

Tabela 1 – Exportações brasileiras para a Oceania – em 2018

TIPO DE PRODUTO US$ BI % SOBRE EXP P/ OCEANIA % SOBRE TOTAL EXP. BRASILEIRAS
Manufaturados 531,78 76,3 0,22
Básicos 127,28 18,3 0,05
Semimanufaturados 34,83 5,0 0,01
Operações especiais 2,82 0,4
Total 696,71 100,0 239.889,17

Fonte: Ministério da Economia – Séries Históricas – Blocos e Países, disponível em http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-historicas

 

Essa mesma observação se verifica com as importações brasileiras originárias da Oceania, conforme se constata na Tabela 2.

Tabela 2 – Importações brasileiras originárias da Oceania – em 2018

TIPO DE PRODUTO US$ BI % SOBRE EXP P/ OCEANIA % SOBRE TOTAL EXP. BRASILEIRAS
Manufaturados 934,32 78,5 0,52
Básicos 202,34 17,0 0,11
Semimanufaturados 52,4 4,4 0,03
Operações especiais 0,94 0,01
Total 1.190,00 100,0 181.230,56

Fonte: Ministério da Economia – Séries Históricas – Blocos e Países, disponível em http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-historicas

 

Assim sendo, percebe-se a existência de um mercado potencial para empresas brasileiras, tanto para a exportação como para a importação. A fim de contribuir com as empresas brasileiras, seguem as tabelas 3 e 4 com as origens e destinos dos produtos comercializados pela Austrália e Nova Zelândia (os dois maiores mercados da Oceania, como já mencionado) com os seus clientes/fornecedores tradicionais.

Tabela 3 – Origem e Destino dos produtos comercializados para Austrália – em 2017

CONTINENTE ORIGEM DESTINO
Valor US$ bi % sobre total Valor US$ bi % sobre total
África 2,75 1,38 2,82 1,16
Ásia         126,00 63,08         205,00 84,15
Europa 36,60 18,32 16,50 6,77
América do Norte 24,00 12,01 10,50 4,31
Oceania 8,39 4,20 6,63 2,72
América do Sul 2,01 1,01 2,16 0,89

Fonte: The Observatory of Economic Complexity – OEC, disponível em:  https://atlas.media.mit.edu/en/profile/country/aus/

Tabela 4 – Origem e Destino dos produtos comercializados para Nova Zelândia – em 2017

CONTINENTE ORIGEM DESTINO
Valor US$ bi % sobre total Valor US$ bi % sobre total
África 0,21 0,58 1,40 3,75
Ásia 20,10 55,33 19,90 53,38
Europa 6,89 18,97 4,42 11,80
América do Norte 4,06 11,17 4,63 12,42
Oceania 4,60 12,66 6,59 17,68
América do Sul 0,47 1,29 0,36              0,97

Fonte: The Observatory of Economic Complexity – OEC, disponível em:  https://atlas.media.mit.edu/en/profile/country/nzl/

A Tabela 3 apresenta uma significativa dependência que os produtos australianos têm do mercado asiático para colocação dos seus produtos (aproximadamente 85% do volume exportado se destina a esse mercado). Essa mesma dependência do mercado asiático, embora em escala inferior, observa-se com relação às importações australianas (cerca de 2/3 do volume importado origina-se da Ásia). Destaca-se, também, a reduzida participação do continente sul-americano, tanto nas exportações como nas importações australianas, confirmando a percepção acima apresentada sobre a potencialidade desse mercado para atuação de empresas brasileiras.

Quanto à tabela 4, embora em escala mais reduzida de valores absolutos, verifica-se com a Nova Zelândia realidade similar a do mercado australiano (em termos de concentração, com acréscimo da Europa e América do Norte), ratificando as oportunidades que as empresas brasileiras dispõem na Oceania como um todo.

Portanto, cabe às empresas brasileiras realizarem pesquisas mercadológicas mais aprofundadas para considerarem a Oceania em suas estratégias de internacionalização.


Francisco Cassano

Francisco Américo Cassano é doutor em Ciências Sociais e Relações Internacionais, professor pesquisador de Relações e Negócios Internacionais na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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