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Como micro e pequenos negócios podem enfrentar a crise atual.

Em minha trajetória empreendedora, já enfrentei diversas crises, mas nenhuma se compara ao que estamos vivendo: necessidade de distanciamento social para preservarmos a vida. Salvar vidas é o que mais importa neste momento e as palavras de ordem devem ser empatia, compaixão e união de esforços.

Concomitantemente, precisamos pensar em nossos negócios, já que uma forte recessão está anunciada e a saúde financeira das empresas está comprometida com falências e desempregos em grandes proporções, principalmente no universo das micro e pequenas empresas. Obvio que esperamos que o avanço da pandemia seja controlado e não tome grandes proporções, mas não podemos contar só com isso, a exemplo do que vem acontecendo em outros países.

Diante desse cenário, como poderíamos nos comportar, enquanto pequenos empresários, para sobrevivermos a esse momento?

Primeiro devemos tomar muito cuidado com as “dicas ou sugestões” dos empreendedores de palanque, que utilizam frases clichês e motivacionais, que não condizem com o momento, como “A crise é também oportunidade para crescer e alavancar os negócios”.

Sinceramente, essa não é uma crise para lucrar ou pensar em crescimento. Podemos, sim, pensar em crescer nos aspectos relacionados a valorização da vida, do ser humano, da igualdade, da empatia e por aí vai, mas pensar em tirar qualquer vantagem do que está acontecendo não é nem um pouco ético, moral, humano.

Além disso, ainda que não saibamos exatamente o rumo que a pandemia vai tomar aqui no Brasil, alguns comportamentos e ações são importantes, desde já:

  • Haja com calma – não se desespere. Isso não quer dizer que devemos ser negligentes e inconsequentes como alguns políticos e religiosos têm sido, aqui no Brasil.
  • Busque informações em fontes confiáveis – leia artigos e entrevistas de pesquisadores, especialistas, cientistas e infectologistas que entendem de epidemia. Veja o que eles estão dizendo e quais são as previsões, qual o tempo estimado do avanço e queda da pandemia no Brasil.
  • Converse com os seus colaboradores – decida as medidas a serem tomadas em conjunto com sua equipe. Veja a possibilidade de trabalho em home office. Algumas empresas já iniciaram esse processo; outras não terão essa possibilidade. Então, tome todas as providências de higiene para proteção de todos e flexibilize os horários de entrada e saída, para evitar o deslocamento em horários de pico nos transportes públicos. Uma grande quantidade de empresas, como bares, restaurantes, cafés, padarias eventos, entre outros, infelizmente, podem ter que paralisar as suas atividades por um período ou criar estratégias de delivery. Se você está nesse setor, já comece a cogitar a possiblidade para não ser surpreendido.
  • Analise o coração da sua empresa – isso é mais importante: a situação financeira do seu negócio. Tente responder AGORA, algumas perguntas como: qual o limite de queda nas vendas que minha empresa suporta? Em caso de paralisação das atividades, por quanto tempo consigo mantê-la sem faturamento? Quais custos consigo reduzir de imediato? Quanto tenho para receber a longo prazo? Qual o montante de dívidas? Para isso, o velho e bom fluxo de caixa vai te ajudar. Não precisa ser nada complexo. Utilize um modelo simples, mesmo. Se não o faz, ou se não está atualizado, procure ajuda urgente! O SEBRAE tem vários serviços, inclusive on-line que podem te ajudar.
  • Negocie – A partir do diagnostico financeiro, comece as negociações com fornecedores e bancos, desde já. Renegocie dívidas, peça prazos mais longos para pagamento, carências e reduza o valor das parcelas. Se a sua empresa tem valores a receber, tente antecipar ao menos uma parte. Lembre-se de que seu cliente também está se ajustando.
  • Evite empréstimos – não caia nas ofertas mais fáceis com juros altos. Lembre-se que, quando as atividades voltarem ao normal, você terá que pagá-los e a recuperação da economia não acontece do dia para a noite. Inclusive, antes de fechar qualquer proposta de empréstimo, coloque as simulações no seu fluxo de caixa e analise a sua capacidade de pagamento. Salvar a empresa agora para morrer depois, cheio de dívidas, não é uma boa estratégia.

Enfim, essas são apenas algumas ações que nos ajudarão a enfrentar esse período turbulento e de incertezas. O importante é ter em mente que “quem sabe faz a hora, não espera acontecer” e, depois de tudo isso, que possamos sair fortalecidos, com mais amor ao próximo e com a grande lição de que nada é mais importante que a vida, o ser humano, o que para muitos ainda não tinha a menor importância.

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Rodrigo Mancini
Rodrigo Mancini é economista, Mestre e Doutor em geografia econômica, empreendedor e empresário.

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