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LIDERANÇA EM TEMPOS DE PAZ E DE GUERRA!

Nos anos 2.000 circulou um filme chamado de “O Patriota”, estrelado por Mel Gibson. Ele fazia o papel de um coronel, até então aposentado, que se envolveu na luta dos americanos contra os ingleses que queriam invadir o território americano. Ele comandava tropas de milicianos. Em certo momento do filme, os milicianos estavam entrando em um combate decisivo contra os ingleses. Estavam sendo dizimados e começaram a fugir da luta. Mel Gibson larga sua espada, pega o mastro com a bandeira americana e corre em direção ao inimigo, convencendo seus comandados a retomarem a luta e ao mesmo tempo mostrando aos seus compatriotas o foco e o objetivo da luta. Se liderança em tempos de paz é importante, em tempos de guerra é fundamental.

Essa cena nos indica três vetores que compõem a liderança. O primeiro vetor é o líder. Sua personalidade, seu temperamento, sua capacidade de comunicação, sua visão estratégica, entre outras características. O segundo vetor são os liderados, com seus desejos e medos, com seu comprometimento e engajamento no objetivo a ser alcançado, dentre outros. O terceiro vetor é a situação. O exemplo dado foi a guerra. Ambiente hostil e ameaçador. A liderança se dá exatamente na confluência desses três vetores. A situação vivenciada, o líder e os liderados podem determinar um ou outro tipo de liderança. O que significa que não existe um estilo padrão e único de liderança.

Em todo caso, na paz ou na guerra, o papel da liderança é o de organizar e conduzir as pessoas, como membros de um grupo, coordenando-as e as estimulando a alcançarem objetivos, tanto os individuais como os de interesse coletivo. Para Peter Drucker o líder deve ser capaz de analisar o perfil dos seus liderados e as situações em que se encontram e, a partir daí, criar e transferir visões, influenciar seus liderados a se motivarem e se organizarem para o alcance do objetivo projetado. Além de dominar os objetivos da sua missão, o líder deve saber comunicá-los, de forma clara, expondo prioridades e metas a serem alcançadas por todos. Essa comunicação deve fazer sentido para todos.

Como o vetor liderado compõe a confluência da liderança, o líder deve ser capaz de conhecer as competências, os limites e as possibilidades dos que fazem parte da sua equipe. Precisa escolher caminhos, oferecer alternativas e dar “poder” para todos da equipe, para que sejam capazes de transformar ideias em ações concretas. Portanto, saber selecionar e montar uma equipe, já que objetivos comuns serão alcançados com o esforço, comprometimento e engajamento de todos, é de fundamental importância.

Um dos desafios do líder é quando precisa se defrontar com frustrações de toda ordem. Trabalho em equipe exige empatia, inteligência emocional, resiliência, autodomínio, autoconhecimento, raciocínio perspicaz para saber fazer escolhas e tomar decisões, estar com a mente aberta às novas alternativas, saber aprender com os que estão a sua volta e não ter medo de “empoderar” os outros. Se essas características são fundamentais para liderar presencialmente equipes, elas se tornam mais prioritárias para liderar equipes remotas. Sobretudo porque os liderados precisam estar comprometidos, engajados, precisam ser responsáveis para solucionar problemas e apresentar soluções, precisam ter disciplina e estarem focados nos objetivos e missão coletivos, enfim, em um propósito maior. Quando as pessoas encontram propósito naquilo que fazem, elas apresentam desempenhos extraordinários e são capazes de superar limites. Esse é um papel do qual o líder não pode abrir mão, qual seja, criar e disseminar um propósito coletivo, um significado para o trabalho de todos.

Estamos vivendo um momento ímpar e altamente desafiador para o exercício da liderança nas organizações. O líder está sendo desafiado a desenvolver competências capazes de liderar equipes remotas. Aliás, há um consenso entre os analistas, de que o trabalho híbrido (parte da atividade sendo desenvolvida remota e parte presencialmente) será a tendência futura. Essa situação é muito nova para todos. Fomos educados e preparados para desenvolver nossas atividades no escritório, perto das demais pessoas e, agora, temos que desenvolver nossas atividades de forma remota, longe do convívio das demais pessoas. Os liderados estão sendo desafiados a desenvolverem mais autodomínio, maior nível de responsabilidade e engajamento no alcance dos objetivos organizacionais. São tempos de guerra!

Prof. Dr. Derly Jardim do Amaral

Doutor em Administração de Empresas – concentração em Comportamento Organizacional. Pesquisador dos temas Gestão de Pessoas, Comportamento Organizacional e Empreendedorismo.

 

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